No século XIX, o Vale do México era uma área geográfica visualmente impressionante, com forte apelo nacionalista para os cidadãos daquele país independente e recém-constituído. Berço histórico da cidade asteca de Tenochtitlán e, mais tarde, Cidade do México, o extenso vale que originou esta área urbana em crescimento tornou-se sinônimo de México. José María Velasco retratou fielmente o terreno do vale em um panorama arrebatador, mas ele também inseriu elementos especificamente nacionalistas: uma águia mergulhando em direção a um cacto espinhoso com uma serpente presa em seu bico. Esses elementos ressignificaram a pintura, transformando-a de documento em metáfora. Explicitamente pintado por Velasco para a Exposição Internacional de Paris, em 1878, o trabalho ficou conhecido como “México 1877”, um indício de sua importância para a identidade nacional do país.